quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mercado musical aquecido atrai instrumentistas para gêneros mais populares

Você vai me perguntar o que essa matéria tem a ver com Eduardo Costa? Respondo: em partes nada e em partes tudo a ver. Na busca de matérias que falem sobre o Eduardo Costa me deparei com essa relatando sobre os músicos que trabalham no mercado sertanejo, para amantes da música é legal saber quem aquece o mercado. E fã sempre gosta de saber um pouco sobre a banda que acompanha seu ídolo.

Músicos com carreira consagrada ao lado de artistas da MPB e do jazz tocam agora, por exemplo, ao lado de duplas sertanejas

Representante da nata do instrumental mineiro, depois de tocar com Marco Antônio Araújo e Milton Nascimento, entre outros, Ivan Corrêa, de 56 anos, acabou se tornando músico acompanhante e diretor musical da dupla sertaneja Victor & Leo. Ele lidera o time de artistas que, rompendo com velado preconceito do meio musical, por questões de mercado, acabou abraçando cada vez mais estilos, independentemente do que escolheu para a carreira solo. Depois do grupo Sagrado Coração da Terra, de Marcus Viana, o baixista também integrou o Edição Brasileira, com o qual gravou, em 1999, o disco instrumental Lua.

“A mudança para mim foi bem natural. A estética sertaneja da época era calcada no rhythm & blues e folk-country americanos. Era só questão da letra e do dueto. Se tirasse a voz, era uma estética bem universal de banda, com um pé até no rock”, avalia Ivan, que, ao ser convidado para substituir o baixista de Victor & Leo, em 1997, durante show em Mirabela, Norte de Minas, acabaria convocado para dirigir a banda da dupla mineira. A exemplo de Ivan, o multi-instrumentista Rogério Delayon também tocou com Victor & Leo. Mas acabou não aguentando o “rojão do mercado sertanejo”. “Você é bem remunerado, trabalha muito, mas tem de abrir mão de muita coisa”, justifica o músico.

Inclusive musical? “Sim”, responde Delayon, admitindo que, como músico free lancer, às vezes toca um estilo que ele sequer escuta em casa. Para o músico, se o artista é bom e faz música boa – qualidades que ele atribui a Victor & Leo – não importa o gênero ou estilo. “O que vale mesmo é a verdade do artista”, afirma Rogério Delayon, dizendo-se livre do preconceito. Antes de trabalhar com a dupla sertaneja, entre 2009 e 2010, ele tocou com Zeca Baleiro, com o qual fez a turnê do disco Líricas por dois anos.

“Com Zeca eu saí pela primeira vez do país, fui à Europa. Daí abriram-se muitas portas para mim e acabei indo morar em São Paulo”, recorda Rogério Delayon, que tocaria, posteriormente, com Fábio Jr., Armandinho, Veronica Sabino, Rita Ribeiro, Ceumar e Sá, Rodrigues & Guarabyra, quando do rápido retorno do trio. “Alguns em turnês, outros em participações como músico substituto”, acrescenta o multi-instrumentista, que ainda tocou com as cantoras Zizi Possi, Zélia Duncan e Leila Pinheiro. Mais recentemente, passou a tocar com o violeiro Fernando Sodré.


O multi-instrumentista Lui Coimbra é responsável pelos arranjos e orquestrações de Emmerson Nogueira
Ecletismo Time tão privilegiado quanto esse também faz parte da trajetória de Ivan Corrêa, que, antes de chegar à dupla Victor & Leo, tocou nas bandas de Marco Antônio Araújo e Marcos Vianna, além das de Milton Nascimento e Lô Borges. Paralelamente, o baixista gravou com Flávio Venturini, Toninho Horta, Marku Ribas e Vander Lee. “Sempre fui muito eclético, tanto como instrumentista quanto como solista”, avalia o baixista.

“Já tinha gravado sertanejo e caipira de raiz com Pena Branca & Xavantinho e também feito substituição na banda da dupla João Mineiro & Marciano”, recorda Ivan Corrêa. De 1997 a 2000, ele tocou regularmente com Victor & Leo, que, ao mudar para São Paulo, aguardava a hora de levar o baixista para aquela cidade. “Por sete anos eles me ligavam dizendo que estavam batalhando para me buscar”, relata, salientando que em 2007, com o sucesso nacional, a dupla veio realmente a Belo Horizonte para recrutá-lo para a banda.

Um mês depois, Ivan coproduziu o primeiro DVD de Victor & Leo – Ao vivo em Uberlândia – seguido da produção de seis CDs – inclusive o feito para o mercado espanhol, que ele também co-produziu, e Borboletas, de 2008, o que mais vendeu. Hoje, segundo Ivan Corrêa, a agenda do segmento sertanejo é muito pesada. “Já na sexta temporada com a dupla, faço mais de 200 shows por ano com eles”, contabiliza o baixista, que acaba de viajar com Victor & Leo para o Circuito São João do Nordeste, no qual farão 12 shows. “A vida da gente é esta: uma média de 18 shows/mês”, relata Ivan Corrêa, que costuma dizer que foi “abduzido” pela dupla.

“Você fica completamente absorvido. Quando não está fazendo shows, está em estúdio produzindo ou finalizando algo. Hoje, vivo muito mais na estrada, dentro da mala”, relata. “Você percebe o preconceito do meio, se isenta e faz o trabalho da melhor maneira possível”, garante Ivan Corrêa, que diz ter sonhado muito em ser um instrumentista free lancer, um sideman. “Preparei-me muito para isso, pesquisei estilos, sonhei com a estabilidade. Mas para isso foi preciso tocar com todos eles.” Cerca de 20 anos mais velho que Victor & Leo, Ivan admite que a própria relação de amizade entre eles tem algo de paternal.

Musicalmente, diz o baixista, por três anos Victor foi o maior arrecadador do Escritório de Arrecadação de Direitos (Ecad). “Ele é fiel ao que realmente cria. Não vai atrás de mercado. Como músico, o que mais prezo é a verdade artística que Victor & Leo têm”, conclui.

Coadjuvante sem sofrimento

Músico acompanhante de estrelas como Alceu Valença, Zeca Baleiro, Zizi Possi,Caetano Veloso, Ana Carolina, Naná Vasconcelos e Ney Matogrosso, o carioca Lui Coimbra, que também integra os grupos Aquarela Carioca e Religare, gosta de comparar o trabalho dele ao do ator. “Às vezes, somos protagonistas, outras coadjuvantes ou estamos fazendo pontas”, posiciona-se Lui, consciente do papel que ele tem a cumprir no show business.

Mais recentemente, depois de fazer arranjos e orquestrações para o cantor mineiro Emmerson Nogueira, eventualmente Lui é chamado para reger a banda que acompanha Emmerson, como ocorrerá no show do dia 28 de julho, no Chevrolet Hall de Belo Horizonte. “A experiência teve início no ano passado, em São Paulo, e deu muito certo. Só tenho alegria nesse sentido”, afirma o multi-instrumentista, elogiando o repertório de clássicos internacionais que o cantor cover interpreta.

“Não é por ser popular ou elitizada que a música é melhor”, diz o instrumentista carioca, que prepara novo disco solo, depois de Ouro e sol, de 2004. Em Belo Horizonte, artistas como o baixista André Campagnani e a vocalista Gláucia Coutinho também aderiram à mudança de estilo, em voga no momento, passando a trabalhar com o sertanejo Eduardo Costa. É o mercado de trabalho se abrindo para todos. Independentemente de gêneros musicais.

Fonte: Divirta-se Uai

Nenhum comentário:

Postar um comentário